A fé cristã, em todos os tempos, esteve carregada de
um sentido muito prático – vivencial, de modo que não se pode compreender a fé
cristã se não através da itinerância que esta provoca no coração dos que se
sentem atraídos pelo Cristo e, tendo renascido com ele através do Batismo,
fazem parte de seu corpo peregrino que é a Igreja. Esta ação cristã recebe o
nome de apostolado, por trazer presente nos tempos atuais a ação de Cristo
mesmo que foi confiada aos apóstolos.
O apostolado cristão se efetiva através das ações
empreendidas nos diversos serviços, ministérios e pastorais de que se ocupa a
Igreja de Cristo para levar ao coração de todos os homens a mensagem do
Evangelho. Deste modo, todos os instrumentos utilizados na ação pastoral devem
visar acima de tudo o anúncio da Boa Nova da Salvação realizada pela paixão,
morte e ressurreição de Cristo. “A Igreja
nasceu para que, dilatando o Reino de Cristo por toda a terra para a glória de
Deus Pai, torne os homens participantes da redenção salvadora e por meio deles
todo o mundo seja efetivamente ordenado para Cristo”.(Apostolicam
Actuositatem)
A vida em Cristo é dinâmica, cheia de ação. A Igreja é
o corpo místico de Cristo, da qual todos nós somos membros. Ora, assim sendo,
não pode existir num corpo um membro inerte, inútil, sem vida. Todos os membros
do corpo agem em favor do corpo inteiro, se um membro pára, todo o corpo perde.
Deste modo, são não só chamados, mas estão, de certo modo, obrigados pelo
compromisso que assumiram com Cristo, de realizar no mundo a obra do Divino
Redentor. “Impõe-se, portanto a todos os
fiéis o sublime encargo de trabalharem para que a mensagem divina da Salvação
seja conhecida e aceita por todos os homens, em toda a terra”. (Apostolicam
Actuositatem)
A comunidade onde cada
cristão se reúne, está unida a toda Igreja de forma que cada ação
realizada por qualquer pastoral, por menor e mais simples que seja, é uma ação
de toda a Igreja e por conseguinte, é ação de Cristo. O Senhor, por muitas
vezes interpela seus ouvintes acerca de seu compromisso com o Reino, e, apesar
da incompreensão de muitos que o seguiam, que entendiam o Reino como uma
realidade puramente imaterial, Jesus fez questão de afirmar “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque
me conferiu a unção para anunciar a boa nova aos pobres. Enviou-me para
proclamar aos cativos a libertação e aos cegos, a recuperação da vista, para
despedir os oprimidos em liberdade, para proclamar o ano de Graça do Senhor” (Lc
4,18-19). O Reino de Deus acontece quando nossa ação pastoral é capaz de trazer
liberdade, trazer luz para os que estão cegos pela injustiça, banir do mundo a
pobreza e tornar presente a Graça do Senhor.
O amor a Cristo não pode ser um amor vazio de gestos
concretos. A maior prova de amor que podemos dar a Jesus é doando a nossa vida
para que todos tenham vida em Seu nome. É nosso dever olhar para nossa própria
vida e perceber de que modo estamos contribuindo para que a missão da Igreja de
fazer presente o Reino de Amor trazido por Cristo se efetive no mundo.
É preciso fazer ressoar em nossos ouvidos, a cada amanhecer
o forte mandado de Cristo: “Ide, pois; de
todas as nações fazei discípulos[...] eu estou convosco todos os dias até a
consumação dos tempos”.(Mt 28,19a . 20b) A sua presença deve fazer arder o
nosso coração como fez aos caminhantes de Emaús e nos levar a um maior
comprometimento com a causa do Reino. A ação pastoral é o caminho onde podemos
participar da missão de Jesus. Na pastoral usufruímos e testemunhamos a
presença do Mestre, partilhamos de suas angústias e, com ele, alcançamos a
gloria da vitória final.
Pe. Edson Bantim
Belíssimo texto, amigo. Sempre inspirador!
ResponderExcluir