domingo, 24 de dezembro de 2017

Noite Silenciosa de Natal!

Aos poucos, silenciosamente, desce o véu da noite e acendem-se as inúmeras luzes de natal. Sons melodiosos, canções cheias de emoção e ternura podem ser ouvidos por toda parte. Pessoas se abraçam, amigos se reencontram, parentes e amigos se sentam ao redor de mesas fartas com as coloridas, perfumadas e saborosas comidas da ceia de Natal. Todos conversam, sorriem, alegram-se com o reencontro. Tudo parece muito tranquilo e feliz, afinal é noite de natal. As pessoas ficam mais sensíveis e gentis. É quase como um decreto irrevogável: “Proclama-se que na noite de Natal toda pessoa deve ser humana. Porém, a partir do dia 26 de dezembro podem voltar a ser apenas elas mesmas”.
Para muito além de todos estes acontecimentos está a cena silenciosa do presépio. Aquela antiga cena de uma família abrigada em um estábulo. Numa noite fria, em algum lugar da história aquele silêncio foi eternizado. Se olharmos cuidadosamente o presépio sentiremos, no mais profundo de nosso ser, o grito ensurdecedor daquele silêncio que nos fere a alma. A silenciosa noite do Natal quer nos reconduzir para dentro de nós mesmos, para nossa identidade mais profunda, para tudo o que nos caracteriza como “simplesmente” HUMANOS. É de humanidade que nos fala o Natal. Deus quer nos dizer o que deveras somos. No-lo diz fazendo-se um de nós. Mais que isso, faz-se, o Deus Eterno e Onipotente, um conosco. Não vem Deus até nós a falar de si, vem para falar-nos de nós, para lembrarmos quem somos, o que somos, para que somos. Mas, infelizmente, nem sempre somos capazes de ouvi-Lo. Para nos conformarmos com a mensagem silenciosa do Natal, nos travestimos de humanos; por um momento só, fingimos ser o que deveríamos ser todo o tempo.
Nesta Noite Santa contemplamos o que de fato somos para que, paradoxalmente, o sejamos de fato. Naquele estábulo, despojado de toda beleza, riqueza ou poder efêmeros, está o SER HUMANO em todo o seu esplendor, tal e qual o Senhor o criou. É o exemplar original, perfeito, completo, desprovido dos adornos que nos acostumamos a confundir conosco.
Ó noite silenciosa do Natal, embriaga-nos da sóbria verdade de que estamos desprovidos. Entorpece-nos de luz, clareza e sobriedade. Despe-nos de nossas falsas vestes e faz-nos conduzir apenas a luminosa humanidade que se derrama na e da manjedoura. Ensina-nos a lição grandiosa do teu silêncio que tudo diz. Ó Doce Menino Jesus que te pões sob o nosso olhar na noite santa do Natal. Ajuda-nos a perceber o que nos dizes e a viver o que nos mostras. Um Santo e humanizante Natal para todos!




Pe. Edson Bantim