quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Perdão e auto-justificação!



"Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo!" (Mt 18,26)
A experiência da misericórdia infinita de Deus só é possível diante do reconhecimento de nossa total incapacidade de auto-justificação. Jesus põe o perdão aos inimigos como um dos elementos que identificam os seus discípulos, porém, não pode perdoar quem não experimenta em si mesmo a necessidade e o efeito do perdão gratuito de Deus.
O empregado da parábola de Mateus não pede que o patrão tenha misericórdia e o perdoe. Ele imagina que com um pouco de tempo disponível pode pagar "tudo" ao patrão e não ficar-lhe devendo "favores", por mais que o evangelista tenha alertado que a dívida custaria o preço de sua vida e da vida de sua família, bem como de todos os seus bens. A ilusão de poder auto-justificar-se não deixou que aquele empregado compreendesse quão grandiosa foi a generosidade do patrão e, portanto, não conseguiu reproduzir tal amor quando se encontrou na mesma situação com um companheiro que lhe devia uma pequena quantia.
A maioria das pessoas não consegue perdoar ou acolher com generosidade a fragilidade dos irmãos porque nunca experimentaram tal amor. São de tal modo arrogantes que o orgulho se lhes endurece o coração e não se permitem ser amados gratuitamente. Os mesmos se pensam tão dignos do amor que não percebem que o amor não é uma mercadoria que compramos com nosso mérito, mas é dom total de um coração generoso. O perdão não pode nascer em um coração orgulhoso e prepotente ele é fruto da árvore bendita da humildade do coração de quem se sabe sempre necessitado da Graça infinita do Deus-Amor.
Que o Senhor nos fortaleça com seu Espírito para que compreendamos quão grandiosa é a sua misericórdia para conosco e, experimentado o amor generoso do Senhor, possamos nos tornar instrumentos de misericórdia e perdão na vida de nossos irmãos e irmãs.


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