segunda-feira, 27 de junho de 2011

Crescer de corpo e alma!

Quando ouvimos as expressões “um grande homem” ou “uma pessoa pequena”, não imaginamos uma pessoa de grande estatura, nossa mente não se dá um significado físico a estas expressões. Isto ocorre próprio porque existe uma grandeza e uma pequenez referida à dimensão incorpórea do ser humano. Este não cresce somente fisicamente, mas seu crescimento é medido sobretudo à nível espiritual e moral.
A grande busca de cada ser humano é aquela de crescer harmoniaosamente em corpo e alma. No Evangelho segundo Lucas, esta dimensão espiritual do crescimento vem chamado de «sabedoria e graça». De fato se diz que “Jesus crescia em idade, sabedoria e graça diante de Deus e dos homens” (cf. Lc 2,52), ou seja, em perfeita harmonia de corpo e alma.
O crescimento moral ou de caráter vem chamado comummente de «amadurecimento». Contribuem ao amadurecimento uma série de fatores relacionados seja à índole individual, seja ao ambiente social, familiar, etc com o qual a pessoa interage.
Sem a pretensão de fazer psicologismo ou longos discursos sobre a formação do caráter, gostaríamos sobretudo de dar algumas dicas que possam ajudar na identificação da própria maturidade, visto que consideramos que cada pessoa é in primis responsável pelo seu processo de crescimento pessoal e que desse crescimento depende a realização e a felicidade de cada pessoa a nível individual e social.
Elencamos algumas características que podem ajudar a avaliar os pontos fortes e frágeis de modo que se possa conservar aqueles positivos e amadurecer aqueles imaturos.
A pessoa madura geralmente consegue desenvolver uma realística capacidade de crer nas próprias potencialidas e naquelas dos outros;  É capaz de fazer escolhas autonomamente depois de uma clara e responsável análise de cada uma das opções, assumindo a responsabilidade das próprias decisões; Há um profundo conhecimento de si mesma, dos próprios valores e limites, aceitando a própria identidade, amando o próprio corpo e procurando desenvolver ao máximo as qualidades morais; Há uma capacidade de agir em plena liberdade, sem deixar-se condicionar por outras pessoas ou situações, nem mesmo pelos próprios impulsos, agindo de modo ponderado e são; Há a capacidade de estar consigo mesma sem medo da solidão, sem deixar contudo de ter um coração aberto à relações profundas, alicerçadas na confiança e no respeito recíprocos, para além da superficialidade; Há espírito criativo e não se deixa “enferrujar”, abrindo-se à possibilidade de aprender sempre novas coisas e partilhar as próprias; Há profunda harmonia consigo mesma, sabendo o sentido de cada coisa que é e que faz, dá sentido ao próprio existir em relação com Deus, consigo mesma e com os outros; Há a capacidade de agir de modo espontâneo, sem medo de expor as próprias convicções e de escutar as dos outros de modo respeitoso, sendo autêntica e sincera.
Já a pessoa imatura há baixa auto-estima e por isso é incapaz de crer em si mesma e nos outros; É insegura e tem medo de fazer escolhas, apelando sempre à opinião dos outros e ao mesmo tempo incapaz de confiar plenamente em alguém, perde-se entre mil opiniões sem consiguir jamais decidir qual caminho seguir; Não consegue identificar a si mesma posto que se encontra imersa em meio a milhares de personagens que deve representar para satisfazer aos outros; Grande dependência e incapacidade de assumir a responsabilidade pelo próprio destino, atribuindo sempre aos outros a culpa pelos próprios fracassos ou mesmo o mérito pelas próprias vitórias; Transforma a alegria de estar consigo mesma em solidão ou isolamento doentio e repleto de medo do confronto e de intimidade, não conseguindo desenvolver relações profundas e duradouras; Aridez intelectual e imaginativa, vivendo da imitação dos outros ou seguindo os modismos, sentindo-se sempre inadequada e vazia; Vive em constante ambiguidade de modo que não se sabe mais quando diz a verdade ou quando está representando; Habitua-se a fazer “jogo duplo” e agir de maneira falsa somente para manter a imagem que construiu para agradar a quem lhe interessa; Não consegue dar sentido à prpópria vida e vive a vida como o conjunto de vários momentos sem direção e vazios de convicções e de valores; Em estado grave alguém pode chegar ao limite de perder-se e cair no desespero e no sentimento de extremo abandono de Deus e dos outros.
O reconhecimento da própria fragilidade e dos próprios valores é um passo importante para o crescimento pessoal e é indicador de um profundo e sincero conhecimento de si mesmo e de liberdade em relação ao próprio futuro.
Não se pode esquecer que, obra-prima do Divino Criador, o homem é chamado a concluir em sua liberdade a obra iniciada por Deus, seguindo as intruções de sua Palavra e segundo a inteligência de seu Amor.
Em uma de suas meditações, Dom Hélder Câmara escreveu: “Quando passo diante dos homens poderosos, dos funcionários da polícia, rio feliz, porque ninguém pode descobrir o divino contrabando que levo dentro de mim; o invisível Passageiro, cuja presença é tão discreta que só o olhar dos anjos e dos homens de coração puro conseguem enxergar”. Descobre, pois o mistério do teu interior e vai em busca do mistério Deus escondido nos outros. Garimpa os corações duros e cobertos de pedra para descobrir a riqueza que Deus escondeu em seus sub-solos, ajoelha-te e contempla os corações límpidos e as almas elevadas para que possas sentir-te visitato por Deus e aprende que certas criaturas são como a cana-de-açúcar, mesmo colocadas na prensa e completamente pisoteadas e humilhadas, só sabem dar doçura. Desafio-te a fazer o mesmo!
Pe. Edson Bantim
Roma-It, 27/06/2011

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